Vacinas, enzimas, afinal, o que pode “curar” a doença celíaca?

Durante o ano de 2018 uma das coisas mais faladas no mundo celíaco foi sobre a vacina contra a doença celíaca. E, conjuntamente, as enzimas que prometem digerir o glúten para que celíacos possam se abster da dieta.

MAS, será que essas medidas são o suficiente para curar a doença celíaca? O que se sabe até agora sobre isso?

1. Vacina

A vacina que está na fase 2 de testes, ou seja, iniciou-se a aplicação em humanos para analisar sua eficácia, já que a segurança foi comprovada na primeira fase, que durou cerca de 10 anos. A vacina pretende ser testada em até 150 pacientes celíacos nos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia.

A nova vacina, chamada “Nexvax2” deve ser manejada entre celíacos portadoras do gene HLA-DQ2, ou seja, celíacos com DQ8 ou DQ7 positivo, além de sensíveis ao glúten, por ora, estão excluídos do estudo.

O estudo analisou que o gene HLA-DQ2 cria uma proteína de reconhecimento que instrui as células T (grupo de glóbulos brancos responsáveis pela defesa do organismo) a sinalizar os peptídeos do glúten, inicialmente inofensivos, como perigosos.

“A ImmusanT’s mapeou partes de proteínas nutricionais do glúten que causam ativação imune em pacientes com doença celíaca de acordo com seu perfil genético”.

Esta vacina pretende reprogramar células T, para que elas não mais ataquem certas sequências de aminoácidos das proteínas que constituem o glúten, expondo o corpo a formas modificadas desses peptídeos.

“Nexvax2® é uma combinação de três peptídeos patenteados que despertam uma resposta imune em pacientes com doença celíaca (CeD) portadores do gene de reconhecimento imunológico, HLA-DQ2.5, representando a condição em 80% a 90% dos pacientes.”

Os pesquisadores trabalham com a possibilidade de que o indivíduo poderia consumir glúten em pequenas quantidades ou em caso de contaminação cruzada. Porém, segundo Leslie Williams, CEO da ImmusanT, a empresa desenvolvedora do Nexvax2, a ideia é que seja um tratamento que permita “aos pacientes retornar a uma dieta irrestrita”.

Durante o tempo em que receberão as doses de vacina, espera-se que a inflamação e os danos nos tecidos do intestino possam ser curados, aliviando os sintomas da doença a partir da reprogramação do sistema imune.

MAS, agora vem a minha dúvida: TUDO BEM, os danos no intestino seriam curados, e os sintomas aliviados, mas não seria possível que a continuação da ingestão do glúten, provoque danos em outras partes do organismo, considerando que a celíaca é uma doença multissistêmica?

O fato é que ainda há muito o que ser estudado acerca do assunto, a vacina não deve estar no mercado tão rápido quanto alguns celíacos desejam, mas há uma ponta de esperança.

2. Enzimas

Confiando nessa esperança, e as enzimas que temos hoje no mercado, são eficazes?

Seria realmente excelente se pudéssemos sair para comer em qualquer lugar, sem preocupação, tomando apenas um comprimidinho, como é possível aos intolerantes à lactose. Todavia, a resposta da doença celíaca é imunológica e não apenas de deficiência de enzimas.

MAS, a verdade é que embora existam CENTENAS de enzimas prometendo a “digestibilidade” do glúten, não existem estudos específicos que comprovem a eficácia do consumo, tampouco garantindo segurança no seu uso.

Em pesquisa realizada pela Dra. Juliana Crucisnki, nutricionista especialista em Desordens Relacionadas ao Glúten, no site Pubmed, apenas dois estudos científicos sobre o assunto: “um utilizando enzimas produzidas por um fungo que ataca o centeio e outro, enzimas produzidas por um fungo que cresce no arroz”.

No primeiro caso, a combinação das enzimas conseguiu evitar as lesões na mucosa duodenal durante o desafio do glúten, mas ainda são necessários ouros estudos para avaliar sua segurança e só depois de uma porção de testes é que poderia ser produzida em larga escala e colocada a venda… e pelo visto isso ainda vai demorar. No segundo caso, o artigo publicado em outubro desse ano, fala sobre pesquisas “in vitro”, ou seja, dentro de um laboratório, com todas as condições bem controladas… até que se iniciem estudos em serem humanos e até que esta enzima (a do fungo do arroz) esteja liberada para comercialização, vai um bom tempo de espera…”

Bem, como é possível analisar, tal qual a vacina, as enzimas ainda estão em fase de estudos, talvez no futuro sejam grandes aliados no tratamento da doença celíaca, MAS, enquanto o futuro não chega, não caia no conto do vigário.

O ÚNICO TRATAMENTO DISPONÍVEL hoje para a doença celíaca é a dieta COMPLETAMENTE ISENTA DE GLÚTEN e de CONTAMINAÇÃO CRUZADA. Cuide de sua saúde, não tente ir pelo caminho mais fácil, vá pelo caminho mais 
correto que vai te garantir uma condição celíaca saudável, sem complicações.

Fontes:

https://www.dn.pt/vida-e-futuro/interior/uma-esperanca-para-celiacos-ha-uma-vacina-a-caminho-10122154.html

https://www.news-medical.net/news/20110510/5544/Portuguese.aspx

https://www.iflscience.com/health-and-medicine/the-firstever-vaccine-for-celiac-disease-has-begun-phase-2-trials/all/

http://www.immusant.com/docs/ImmusanT-Fact-Sheet_011116_v2.pdf

https://nutricionistajulianacrucinsky.com/2016/01/04/enzimas-que-prometem-digerir-o-gluten/

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